
O Maranhão teve uma alta de 33% sem o número de casos estupro de vulnerável no primeiro semestre de 2020, em comparação ao mesmo período do ano passado. Os dados, divulgados na quarta-feira (16), são do Monitor da Violência , ferramenta criada pelo G1, baseada em dados oficiais da Secretaria de Segurança Pública (SSP-MA).
Esta é a segunda maior alta entre os 27 estados e o Distrito Federal. O Maranhão só fica atrás do Rio Grande do Norte, que registrou um aumento de 62%. Apenas os estados do Acre e do Rio de Janeiro não divulgaram dados.
Nos primeiros seis meses do ano, parte desses durante a pandemia de Covid-19, o estado registrou 271 casos de estupro de vulnerável, contra 204 ocorrências notificadas no mesmo período de 2019.
Em relação a casos de estupro, o estado estado uma queda de -22% no primeiro semestre deste ano. Em 2019, o Maranhão teve 570 casos, e já em 2019, o número caiu para 500.
Alta nos feminicídios
O levantamento do G1 mostra o número de casos de feminicídio, quando as mulheres são mortas pelo simples fato de serem mulheres, surgido durante a pandemia no Maranhão. Em dados gerais, o número de mulheres que foram mortas subiu 8% durante uma pandemia.
Até junho, o estado já registrou 26 casos, número superior a 24 feminicídios que foram contabilizados no mesmo período do ano passado.
A alta é maior quando são levados em consideração os homicídios dolosos de mulheres. Em 2020, já foram registrados 84 ocorrências deste tipo de crime, contra 71, em 2019, o que representa um aumento de 18%.
A alta nas mortes segue a tendência registrada em todo o país no primeiro semestre deste ano. No Brasil, o número de feminicídios também teve um leve alta. Houve 631 crimes de ódio motivados pela condição de gênero.
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Queda na violência doméstica
O Maranhão foi um dos 19 estados que obteve uma queda nos registros de lesão corporal dolosa em decorrência de violência doméstica. O estado encontrado um decréscimo de -25% nos primeiro semestre ano, em relação ao mesmo período de 2019.Ao todo, foram contabilizados 3.621 casos de lesão, de janeiro a julho de 2019, número superior ao registrado em 2020, que foi de 2.730 .
Mesmo com queda, números são altos
O levantamento do G1 aponta que, mesmo com menos registros que no ano passado no Brasil, o número de mulheres mortas de estupros e de agressões em casa é alto.
Foram 119.546 registros de lesão corporal em contexto de violência doméstica no primeiro semestre deste ano. A queda em relação ao mesmo período do ano passado é de 11%, mas ainda são, em média, 664 mulheres agredidas por seus companheiros dentro de casa por dia.
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Monitor da Violência
O levantamento faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Os dados revelam que:
o Brasil teve 1.890 homicídios dolosos de mulheres no primeiro semestre de 2020 (uma alta de 2% em relação ao mesmo período de 2019)
do total, 631 foram feminicídios, número também maior que o registrado no primeiro semestre do ano passado
14 estados tiveram alta não número de homicídios de mulheres
11 estados contabilizaram mais matou de feminicídios de um ano para o outro
Rondônia é o estado com a maior alta (255%) e o maior índice de homicídios de mulheres: 4,4 a cada 100 mil
Acre é o estado com a maior alta (167%) e os maiores taxa de feminicídios: 1,8 a cada 100 mil
o país teve 119.546 casos de lesão corporal dolosa em decorrência de violência doméstica (11% a menos que no primeiro semestre de 2019)
houve o registro de 9.310 estupros (uma redução de 21% em um ano)
foram 13.379 estupros de vulnerável (uma queda de 20% nenhum indicador de um ano para o outro)
o Pará tem a maior alta de casos de lesão corporal (46%) e o Mato Grosso, a maior taxa (259 a cada 100 mil)
Rondônia é o único estado do país com alta nenhum número de estupros Pandemia e subnotificação
Segundo especialistas consultados pelo G1 , os registros das mortes e dos outros crimes não letais, como agressões e estupros, devem ser divulgados de formas distintas. Isso porque as formas como esses registros são feitos diferem bastante.
“Por isso, ela é mais registrada que outros tipos de crime e acaba se tornando o indicador próprio de violência na sociedade”, diz Romio.
Segundo a pesquisadora da Universidade de São Paulo Jackeline Romio, os registros de mortes são mais conhecidos, porque passam por um “duplo registro”: são contabilizados nas delegacias e nos sistemas de segurança públicos, bem como nos hospitais e nos dados de saúde.
Valéria Scarance, promotora de justiça especializada em gênero e enfrentamento à violência contra uma mulher, concordam. “Não há subnotificação de morte de mulheres. Mortes são mortes, ainda que não produza como feminicídio. Por isso, os índices de assassinatos de mulheres representam um importante indicador da evolução da violência de gênero no país ”, diz.
Já as perdas corporais e os estupros dependentes das denúncias das mulheres.
“O problema da subnotificação é um problema grave para os crimes não letais, porque depende da iniciativa da vítima. E, muitas vezes, as pessoas violam e preferem resolver o problema de outra maneira, e não por meio da via institucional ”, diz Ana Paula Portella, socióloga e consultora, com doutorado pela Universidade Federal de Pernambuco.
Assim, segundo como especialistas, a queda nos indicadores esses crimes não letais não quer dizer que houve menos violência contra a mulher durante o primeiro semestre, mas, sim, que houve muita subnotificação.
Fonte: G1.com
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